Acções Individuais Testemunhos

domingo, 19 de junho de 2011

João Roque

Comandante - TAP




O meu testemunho no Aeromodelismo

Desde 1987, que venho colaborando na direcção do Clube de Jovens Os Aerocalminhas, que então ajudei a fundar, na cidade de Tomar. Os objectivos então traçados, visavam essencialmente a promoção e desenvolvimento de actividades de aeromodelismo estático e dinâmico, tornando-as acessíveis a todos os entusiastas por aviação que se quisessem juntar ao clube. Um outro objectivo, foi o de alargar horizontes aos jovens, uma vez que o sector aeroespacial tem um elevado potencial.

Desde cedo que o voo com aeromodelos se foi desenvolvendo como actividade principal dos Aerocalminhas, em que todo o processo de instrução, treino e preparação para a acrobacia, foi implementado, com grande disciplina, por parte de adultos e jovens, que ao longo destes anos se têm juntado ao clube. Foi possível tornar a actividade acessível a todos, contando para tal com alguns apoios, em especial da autarquia de Tomar que entendeu e bem a mais valia desta associação. 





O resultado deste trabalho no campo desportivo, tem permitido ao clube a titularidade em diversas classes de acrobacia e de corridas de aeromodelos, desde 1998 até aos dias de hoje. A par desta vertente desportiva, a componente da formação - através do alargar de horizontes dos jovens - permitiu que alguns destes optassem por seguir caminhos profissionais no sector, sendo já vários os que cresceram e são já hoje Pilotos de Linha Aérea ao serviço da TAP, enquanto outros seguiram Engenharia Aeroespacial, encontrando-se a trabalhar na Agência Espacial Europeia, ou em empresas a ela associadas; outros ainda seguiram áreas ligadas à manutenção de aeronaves; de momento são vários os jovens que frequentam igualmente cursos nestas profissões.  Um forte contributo para que tal tenha ocorrido, foram as quatro actividades que jovens do clube realizaram no Space Camp, um campo de formação para jovens patrocinado pela NASA, onde se deslocaram diferentes grupos em 1999, 2001, 2003 e 2007, num total de 31 associados do clube. Para 2012, o clube já encetou a procura de apoios para realizar nova actividade no Space Camp, com 7 jovens entre os 14 e os 17 anos de idade.  


Presentemente o clube desenvolve a actividade regular de formação no aeromodelismo, com as valências acima descritas, e tem um grupo de 7 jovens, que com regularidade - de forma voluntária - e em resposta a diversos convites, tem realizado palestras em escolas, e em diversos organismos públicos e particulares. Nestas palestras são abordadas a história da conquista aeroespacial, a prática do aeromodelismo, e ainda as saídas profissionais que existem no sector aeroespacial.
Este grupo de jovens que tem efectuado as acções de divulgação, teve duas iniciativas recentes que demonstram a sua sensibilidade para com as dificuldades dos outros:

- Em Março de 2010, desenvolvi uma acção de voluntariado na Ilha da Madeira, aproveitando uma estadia, para a qual havia sido escalado. Acompanhado da Co-piloto Marisa João Reis, durante um dia colaborámos com a Cáritas local. Estes jovens dos Aerocalminhas ao saberem antecipadamente que eu iria efectuar essa acção, decidiram enviar a uma criança Madeirense vítima do temporal de Fevereiro de 2010  - o pequeno Vitor que perdera a sua casa - um mealheiro (em forma de avião) com dinheiro que juntaram, bem como um livro sobre a conquista espacial, que assinaram e onde colocaram uma dedicatória. A Cáritas acabou por organizar um breve encontro com os familiares do Vitor, e com o próprio, a quem entreguei o que havia sido arranjado pelos jovens do clube;


Momento em que se entregou ao Vitor o que os jovens Aerocalminhas enviaram

- Em Março de 2011, este mesmo grupo de jovens desenvolveu outra acção, desta feita na Pediatria do IPO de Lisboa. Aí deram a conhecer um pouco do Mundo aeroespacial, mostraram um aeromodelo e ainda desenvolveram acções de instrução de voo  com simuladores de voo de aviões rádio-controlados, a várias dezenas de crianças e jovens presentes.

Acção desenvolvida no IPO

As actividades deste clube podem ser acompanhadas em:
www.aerocalminhas.pt.vu  

João Roque
(Cmd A320 TAP)

sábado, 18 de junho de 2011

Henrique Rebello da Silva



Comandante - TAP



Venho aqui contar-vos resumidamente o que me levou a ser voluntário e o que tenho andado a fazer na minha ainda curta viagem.

Comecei a achar que para além de apoiar financeiramente projectos de voluntariado, apoio que acho muito importante, podia também dar um bocado de mim e do meu tempo livre. E não é preciso dar muito para fazer a diferença. Na nossa profissão temos muitas vezes folgas durante a semana enquanto a família está a trabalhar/na escola. Entre surfadas e afins, “almoçaradas” e coisas para tratar, sobra sempre algum tempo livre. Às vezes pensamos que há tanta coisa que não está bem no mundo que sozinhos e com pouca disponibilidade não conseguimos mudar nada mas isto não podia estar mais longe da verdade. Qualquer pequeno contributo, por menor que possa parecer faz a diferença para quem mais precisa.

Depois de alguma pesquisa, optei por ser voluntário na Santa Casa de Misericórdia de Lisboa, uma instituição com quinhentos anos de história de serviço ao próximo. Pode-se escolher entre voluntariado com crianças, idosos, cultural ou na área da saúde. Escolhi com crianças porque é o que tem a ver comigo. Era realmente o que gostava de fazer. 

Fui colocado numa cresce/jardim infantil onde vou uma vez por semana dar afecto, brincar, ajudar em jogos educativos, ser um exemplo e uma referência masculina que algumas das crianças não têm. Paralelamente, vão aparecendo também outras iniciativas como a que actualmente estamos a fazer: uma recolha de alimentos para apoiar algumas das famílias mais carenciadas. Envolvi a escola dos meus filhos neste projecto, o que não só está a contribuir para o sucesso da recolha, como também contribui para a formação cívica destas crianças que felizmente vivem noutra realidade.


Há dias em que me apetece imenso ir mas há semanas em que o tempo livre não é muito e custa um bocado mas compensa, sempre. O balanço pessoal e o feedback tem sido muito positivo e é verdade o que se diz, que se recebe mais do que aquilo que se dá. 

Podem encontrar projectos de voluntariado diversos, não só na Misericórdia, é só escolher um que tenha a ver convosco. Vale a pena! 

Henrique

sábado, 11 de junho de 2011

Ângelo Felgueiras

  
Comandante -  TAP




ESCALAR POR UMA CAUSA

Ângelo Felgueiras, tripulante, aventureiro por vocação. Nos últimos anos tenho dedicado algum, bastante, do meu tempo livre a subir montanhas. Tudo começou por acaso. Só ganhou alguma forma aos meus quarenta anos. Normalmente começa-se mais cedo, mas nunca é tarde. Esta atividade requer muitos treinos de longo curso. Maratonas, ultra maratonas, provas longa de bicicleta entre outros treinos.
Quando comecei a correr maratonas, apercebi-me que muitos atletas aproveitam para reunir algum dinheiro para causas sociais. Decidi replicar nas minhas montanhas e assim nasceu o projeto “Escalar Por Uma Causa”.





Basicamente consiste numa metáfora em que vendo as montanhas a metro, 1€ cada metro. Escolho uma instituição (infelizmente hà tantas) definimos em conjunto um objetivo a dar ao dinheiro angariado e põe-se a montanha à venda. Como? Através de um depósito numa conta que está a zero no início da campanha, só regista entradas e volta a zero no final da campanha.
Os “compradores de metros” podem enviar-me os seus dados para o meu site e recebem um recibo de donativo. Também são convidados a conhecer a Instituição e participar na entrega dos metros que pode ser feita de diversas maneiras. Esta receita foi já usada duas vezes.
A primeira com o Moinho da Juventude no Bairro da Cova da Moura, onde angariei 6099€ para a recuperaçãode uma sala onde hoje funciona uma biblioteca infanto-juvenil. Na segunda vez, trabalhei com o ATL da Galiza em São João do Estoril, onde com a subida ao Evereste angariei dinheiro para comprar uma carrinha para transporte dos jovens.
Continuo a trabalhar com o ATL da Galiza onde vou diariamente. Fiz um acordo com uma pastelaria perto de casa, onde recolho os bolos do dia anterior que diariamente entrego no ATL, para ajudar e adocicar o lanche das crianças quando vêm da escola para fazer os trabalhos de casa. Desenvolvo ainda ações de motivação com os jovens do ATL e estou  disponível para palestras em escolas e associações.

Faço palestras para empresas, a quem cobro honorários, que revertem para as associações por mim indicadas. 

Se todos fizermos um bocadinho, à nossa maneira, marcamos a diferença.

Podem recolher algumas informações em:

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Rui Rocha



Comissário de Bordo - TAP

Existem momentos, decisões, acontecimentos, pessoas que marcam as nossas vidas, mas são raras as vezes, em que um simples olhar, deixa marcas tão reais, na nossa vida!!!

Como muitos sabem, faz parte da minha profissão, levar pessoas de um lado para o outro e assegurar que chegam em segurança e confortáveis ao seu destino e sou acompanhado nesta missão, por colegas, em que na grande maioria, só temos em comum, a profissão! Por vezes, o tempo que se demora a realizar essa missão permite-nos descobrir situações e ações que nos deixam sem palavras e nos fazem sentir pequeninos, naquilo que julgamos ser, grandes realizações!

Numa dessas minhas viagens para Maputo, deparei-me com uma colega que me pediu um pequeno favor. Esse pequeno favor, consistia em levar, junto com a bagagem pessoal, roupas, brinquedos e material escolar, que à chegada a Maputo, seriam entregues às crianças do Departamento de Oncologia Infantil do Hospital Central de Maputo. Esta pequena ação, pareceu-me muito simples e louvável, por isso, aceitei. À chegada tive o convite de acompanhar essa colega, a Assistente de Bordo, Maria Gomes e apesar de alguma incerteza, fui. Passada toda a indecisão, e na ânsia de captar e reter muitos sorrisos, levei comigo a minha máquina fotográfica, fruto de motivação e inspiração do meu Mestre, o Fotógrafo Fernando Bagnola. Acompanhado pelos meus colegas, o Comissário de Bordo, João Abrantes e a Assistente de Bordo, Maria Gomes, lá fomos, transportando uma valiosa carga que prometia muitos sorrisos.

A primeira visão é terrível e nada fácil de digerir, enfim, estávamos em África e ainda por cima na Ala Oncológica Infantil do Hospital Central de Maputo. Cérebro e coração tentam processar todas as emoções e visões, refiro-me à dura realidade daquelas crianças que passam necessidades e… estão doentes!! Mas, a alegria dos seus olhos, fazem-me descer à Terra e lembram-me, que são simplesmente crianças, como todas as outras, e que acima de tudo, gostam de brincar, jogar à bola, rir e receber presentes!

Foi justamente, essa alegria, que fez com que eu levasse a máquina fotográfica e que despertou em mim a necessidade de documentar e reter o momento, sem perder a noção que algumas dessas crianças não iriam sobreviver aos tratamentos! Para mim, o mais importante foi captar aqueles instantes, em que simplesmente, eram crianças. Juntamente, com essas crianças estavam algumas Mães. Elas, dificilmente, esquecem em momento algum, que os seus filhos estão doentes e apesar do sentimento de angústia cravado no olhar, lá consigo captar alguns desses tímidos, mas tão gratificantes, sorrisos.

Eis que chega a difícil despedida! Sim, muito difícil, pois perante toda a alegria, ternura, carinho e amizade, não me é indiferente que, provavelmente, não voltarei a ver, algumas daquelas crianças com vida, outra vez.


No fim desta experiência marcante, o que fica? O desejo de ajudar, a importância de todos aqueles que são voluntários neste tipo de instituições e ações, a valorização em demasia, dos pequenos problemas do nosso dia a dia e nunca esqueçamos que existem pessoas a passar necessidades por esse mundo fora e que nenhum Homem é uma ilha e as pontes, sejam elas, terrestres, marítimas, aéreas, físicas ou imaginárias, existem para nos ligar a todos!

Não são as melhores fotos do Mundo, mas foram as minhas fotos e por isso quis partilhar com todos. Eu tentei fazer o meu melhor, para conseguir documentar o melhor possível, aquela beleza genuína, que todas as crianças têm.

Muito obrigado à Assistente de Bordo, Maria Gomes, por me ter convidado e por ter insistido comigo, pelo genuíno Amor e Carinho que dá, de graça àquelas crianças. Obrigado ao Comissário de Bordo, João Abrantes, por nos ter acompanhado, mas acima de tudo muito, muito obrigado àquelas crianças por terem cruzado a minha vida, pois enriqueceram-na, simplesmente, com o seu Olhar!!







Assinado Rui Rocha, Comissário de Bordo, Projeto de Fotógrafo e Futuro Pai.